A inflamação é um processo biológico fundamental para a resposta imunológica do organismo. No entanto, é um assunto que tem estado em evidência, por ser frequentemente associada a doenças e envelhecimento precoce.
Conforme explica a médica patologista Maria Gabriela de Lucca Oliveira, ela sinaliza problemas, protege o corpo e elimina patógenos, promovendo a recuperação. O problema reside na inflamação crônica e silenciosa, que pode contribuir para diversas doenças.
Diante disso, muitas pessoas questionam se seus corpos estão excessivamente inflamados e se fatores cotidianos, como o consumo de glúten e lactose ou substâncias em cosméticos e produtos de limpeza, seriam os culpados.
No entanto, especialistas como o clínico geral Lucas Albanaz alertam para a falta de evidências científicas sólidas que justifiquem a restrição de glúten e lactose para a população em geral, a menos que haja intolerância ou doença celíaca diagnosticada. O mesmo se aplica à preocupação excessiva com substâncias químicas em produtos de uso diário, cujo impacto inflamatório depende da predisposição genética, estilo de vida e tempo de exposição, segundo o médico Erick Pordeus, da UFPE.
Embora existam exames para detectar inflamação, como PCR, VHS e ferritina, os especialistas enfatizam que seu uso deve ser criterioso.
A médica Maria Gabriela de Lucca Oliveira explica que esses exames são indicados para investigar casos não diagnosticados ou acompanhar condições inflamatórias crônicas, como doenças autoimunes, infecções e doenças cardiovasculares, além de monitorar a recuperação pós-trauma ou cirurgia.
Alarmismo
No entanto, o médico Erick Pordeus adverte contra a solicitação indiscriminada desses testes, pois marcadores inflamatórios podem se alterar por motivos triviais, como gripes recentes, noites mal dormidas ou estresse.
O clínico Lucas Albanaz reforça que a medicina baseada em evidências preconiza a solicitação de exames com base em sintomas, histórico clínico e fatores de risco, alertando que a busca por “inflamações ocultas” sem justificativa médica pode gerar alarmismo e levar a intervenções desnecessárias. O objetivo dos testes é direcionar a investigação em quadros clínicos específicos, não simplesmente rastrear a inflamação por si só.
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