Pesquisadores franceses anunciaram avanços significativos no tratamento da depressão resistente, utilizando uma abordagem não invasiva com ultrassons focalizados de baixa intensidade. O estudo, conduzido por equipes do GHU Paris, Inserm, CNRS, Universidade Paris Cité e ESPCI Paris-PSL, demonstrou resultados promissores na modulação de regiões cerebrais profundas associadas à depressão, sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos invasivos.
A depressão resistente, que afeta cerca de um terço dos pacientes que não respondem adequadamente aos antidepressivos, representa um desafio significativo na psiquiatria. Tradicionalmente, opções como a estimulação cerebral profunda exigem a implantação de eletrodos no cérebro, procedimentos invasivos com riscos consideráveis.
O novo método utiliza ultrassons focalizados para estimular, de forma precisa e não invasiva, a região cingulada subcalosa — área cerebral envolvida na regulação do humor.
Para superar as distorções causadas pela estrutura óssea do crânio, os pesquisadores desenvolveram lentes acústicas personalizadas que ajustam a propagação das ondas ultrassônicas, permitindo uma focalização eficaz.
O método
Em um ensaio clínico inicial, cinco pacientes com depressão severa e resistente foram submetidos a sessões diárias de ultrassom durante cinco dias consecutivos. Os resultados indicaram uma redução significativa na gravidade dos sintomas depressivos, sem relatos de efeitos adversos graves. Os participantes relataram não sentir desconforto ou dor durante as sessões, evidenciando a segurança e tolerabilidade do procedimento.
A tecnologia foi desenvolvida por uma equipe liderada pelos pesquisadores Jean-François Aubry (CNRS), Thomas Tiennot (ESPCI) e Mickael Tanter (Inserm), que também fundaram a startup SonoMind para acelerar a aplicação clínica desta inovação.
Embora os resultados sejam preliminares, eles abrem caminho para novas abordagens terapêuticas no tratamento da depressão resistente, oferecendo esperança para pacientes que não respondem às terapias convencionais. Estudos adicionais com amostras maiores são necessários para validar a eficácia e segurança a longo prazo desta técnica.
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