Uma nova abordagem no tratamento dos sintomas mais comuns e incômodos da menopausa, os fogachos e a insônia, surge com o desenvolvimento de um medicamento não hormonal pela farmacêutica Bayer.
Apresentado em Berlim, na Alemanha, a um grupo de jornalistas, este tratamento se apresenta como “uma nova era” por não se basear na reposição hormonal, tornando-se uma opção para todas as mulheres na menopausa – e especialmente aquelas com contraindicações à terapia hormonal tradicional.
Segundo a ginecologista portuguesa Cecília Caetano, diretora médica global de saúde feminina na Bayer, o medicamento, cujo princípio ativo é o elinzanetant, age de forma inovadora ao mirar nos mecanismos específicos que desencadeiam os sintomas.
Como funciona
Em vez de repor os hormônios femininos em declínio, o tratamento bloqueia as vias nervosas no hipotálamo cerebral responsáveis pela desregulação térmica e do sono que ocorrem durante a menopausa devido à baixa hormonal. Os neurônios KNDy, descobertos recentemente, analisam os níveis hormonais e, com a queda acentuada dos hormônios, tornam-se hiperativos, acionando receptores (NK1 e NK3) que levam aos fogachos e à insônia. O elinzanetant atua inibindo diretamente esses receptores, acalmando a atividade neuronal.
Estudos com mais de 800 mulheres entre 40 e 65 anos, que já haviam passado pela menopausa, demonstraram a eficácia e a segurança do medicamento.
De acordo com a Dra. Caetano, o alívio dos sintomas, como a redução significativa na frequência dos fogachos, é rápido, com resultados observados desde o primeiro dia de uso e atingindo o máximo em uma semana. Um dos estudos de fase 3, o OASIS 4, acompanhou mulheres com histórico de câncer de mama, um grupo geralmente excluído de pesquisas sobre tratamentos hormonais para menopausa, confirmando a segurança do elinzanetant a longo prazo também para essas pacientes.
Atualmente em fase de aprovação pelo FDA nos Estados Unidos e na Europa, a expectativa é que o elinzanetant seja lançado nesses mercados ainda em 2025. No Brasil, a previsão é que o medicamento esteja disponível cerca de um ano após sua chegada às farmácias internacionais.
Dra. Caetano vislumbra um futuro no tratamento da menopausa com a “combinação de diferentes terapias focadas em sintomas específicos”, oferecendo soluções mais personalizadas e seguras para as mulheres nessa fase da vida.
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